quarta-feira, 10 de agosto de 2011

...de Nietzsche aos poetas....


AMOR, eis a questão!

Ponto de vista - O filósofo a cerca do amor...

Amor ou Posse? O nosso amor pelo próximo não será o desejo imperioso de uma nova propriedade? E não sucede o mesmo com o nosso amor pela ciência, pela verdade? E, mais geralmente, com todos os desejos de novidade? Cansamo-nos pouco a pouco do antigo, do que possuímos com certeza, temos ainda necessidade de estender as mãos; mesmo a mais bela paisagem, quando vivemos diante dela mais de três meses, deixa de nos poder agradar, qualquer margem distante nos atrai mais: geralmente uma posse reduz-se com o uso. O prazer que tiramos a nós próprios procura manter-se, transformando sempre qualquer nova coisa em nós próprios; é precisamente a isso que se chama possuir.
Cansar-se de uma posse é cansar-se de si próprio. (Pode-se também sofrer com o excesso; à necessidade de deitar fora, pode assim atribuir-se o nome lisonjeiro de amor). Quando vemos sofrer uma pessoa aproveitamos de bom grado essa ocasião que se oferece de nos apoderarmos dela; é o que faz o homem caridoso, o indivíduo complacente; chama também amor a este desejo de uma nova posse que despertou na sua alma e tem prazer nisso como diante do apelo de uma nova conquista. Mas é o amor de sexo para sexo que se revela mais nitidamente como um desejo de posse: aquele que ama quer ser possuidor exclusivo da pessoa que deseja, quer ter um poder absoluto tanto sobre a sua alma como sobre o seu corpo, quer ser amado unicamente, instalar-se e reinar na outra alma como o mais alto e o mais desejável.

Ponto de vista -  Clarice Lispector

“Mas há a vida que é para ser intensamente vivida, há o amor. Que tem que ser vivido até a última gota. Sem nenhum medo. Não mata.”
“É quase impossível evitar o excesso de amor que um bobo provoca. É que só o bobo é capaz de excesso de amor. E só o amor faz o bobo.”

Ponto de vista – Mario Quintana
“O amor é quando a gente mora um no outro”
“Tão bom morrer de amor e continuar vivendo”

Ponto de vista – Drummond
“O amor é grande e cabe nesta janela sobre o mar. O mar é grande e cabe na cama e no colchão de amar. O amor é grande e cabe no breve espaço de beijar”
“Há vários motivos para não se amar uma pessoa e um só para amá-la”
“Se você sabe explicar o que sente, não ama, pois o amor foge de todas as explicações possíveis”

Olavo Bilac:
VIA LÁCTEA
"Ora (direis) ouvir estrelas! Certo
Perdeste o senso!" E eu vos direi, no entanto,
Que, para ouvi-Ias, muita vez desperto
E abro as janelas, pálido de espanto ...
E conversamos toda a noite, enquanto
A via láctea, como um pálio aberto,
Cintila. E, ao vir do sol, saudoso e em pranto,
Inda as procuro pelo céu deserto.
Direis agora: "Tresloucado amigo!
Que conversas com elas? Que sentido
Tem o que dizem, quando estão contigo?"
E eu vos direi: "Amai para entendê-las!
Pois só quem ama pode ter ouvido
Capaz de ouvir e de entender estrelas."


Vamos lá Nietzsche, larga mão de ser tão amargo!!!!! Se joga, se larga, sofra, levanta, sacode a poeira e dá a volta por cima, não foi você mesmo que disse: “É PREFERÍVEL SOFRER E SENTIR-SE SUPERIOR A REALIDADE, DO QUE VIVER SEM SOFRIMENTO E SER PRIVADO DESSE SENTIMENTO”. Então, pena não ter tido tempo de desfrutar desse sentimento. Pena!
Concordo com toda racionalidade do amor (se é que existe alguma), mas acredito mais ainda no amor. Sim, eu acredito no amor até o fim com todas as suas máculas, imperfeições, instabilidades, inquietações e efemeridade. Isso é amar, e por que não?
Quem liga pra o que vem depois? No amor vale até as coisas mais improváveis como diz Lya Luft: “A mim, seduzem palavras e silêncios, jeitos de olhar. O formato de uma boca melancólica ou o baixar de uma pálpebra que esconde o desejo de morrer ou de matar, ódio ou desamparo, hipocrisia, ah, o olhar sorrateiro, o estrábico olhar dos mentirosos. A mim, interessam as coisas que normalmente ninguém valoriza. Nas relações amorosas, sou fascinada pela fração de segundo, o lapso mínimo em que os olhares se desencontram e a palavra que podia ter sido pronunciada se recolhe por pusilamidade, egoísmo ou auto compaixão”.
Ame, ame e ame...Seja um "bon vivant", tenha alma de poeta, pois quem já sentiu dentro de si a leveza ou a infâmia do amor, é um abençoado e sim OUÇA ESTRELAS, pois só quem ama é capaz de ter ouvido e entendido estrelas. Deixemos toda racionalidade na teoria e de preferencia para os filósofos.



“Lindas são as estrelas que brilham nos céus. Mais maravilhoso é que homens não podem tocá-las e assim não tiram o iluminar natural que toca os nossos corações”.
           



Sem comentários:

Enviar um comentário