sexta-feira, 29 de julho de 2011

CRONICAS NIETZSCHIANA by: me


Numa linda tarde de sábado, céu azulíssimo com todos seus superlativos, pássaros a voar, pessoas a transitar, estava eu passando em frente a uma praça e ao longe pude avistar um senhor, cabelos já grisalhos, usando um chapéu (tipo aqueles: “chapéu para viagem”) sentado num banco olhando para o nada.
  Este senhor, bem apanhado por sinal, mostrava claramente sua pele navalhada pelo tempo, portava um cigarro que ao longe notava-se as cinzas tomando conta, o que me chamou bastante atenção. Pensei: Ele deve estar em transe. Não é possível!
O “seniore” estava sentado, olhando o nada e as cinzas do seu cigarro quase queimando seus dedos velhos e enrugados, o que mais poderia pensar? Ou será que estava morto sentado? Sei lá, nessas horas a gente pensa de tudo, inclusive nessas idiotices que acabei de falar.
Aproximei-me desse cidadão e como não estava fazendo nada de importante mesmo, sentei em um banco atrás do dele e lá fiquei, curiosíssima pra saber o porquê de tanta meditação. Mas também não era só isso, ele de fato me intrigava. Então, quando comecei a balbuciar algumas palavras, outro senhor sentou-se ao lado dele. Senti-me frustrada logicamente, mas em compensação.......ADOREI AQUILO TUDO. Eis o porquê:
- Demorei?
- O que você acha?  Você demorou tanto que quase coloco um ovo.
Pensei: Nossaaaaaaaaa, que humor ácido o dele, porém, fiquei bem aliviada por saber que não se tratava de um morto sentado.
-  Desculpe-me, houve um erro de percurso.
- Tudo bem! Eu estava aqui me recordando no meu tempo de menino moço, que eu tinha uma  certa admiração por prostitutas e vagabundos.
Espantei-me, mas continuei atenta.
- Poderia me explicar melhor isso, em tantos anos de amizade meu caro, você nunca me revelou nada parecido.
- Eu não sei bem te explicar, acho que tanto um, quanto o outro é o retrato da marginalização de nossa sociedade em toda sua miséria.
- Como? Não entendi...
E nem eu né?
- Esqueça isso, é coisa de velho. Não me dê ouvidos. Responda-me uma coisa: você concorda que existe de fato uma vantagem em ter uma péssima memória e divertir-se muitas vezes com as mesmas coisas boas como se fosse a primeira vez?
- Ah....essa não!!! Não me diga que quando você era menino moço saiu com prostitutas e vagabundos e agora quer esquecer.
- Não seu senil, já mudei o assunto, isso não tem nada a ver com minhas prostitutas e os vagabundos de “lá ele”.
Não me contive e dei um leve sorriso!
- Ah, sei lá, você me faz perguntas muito complexas, afinal, você me chamou para um gamão e para uma pinga e me vem com papo de vagabundo, prostituta, memória. Não sei de nada disso não.
- É lamentável a sua capacidade cognitiva, nem sei como consegue ainda jogar gamão. Perguntei-te isso porque ouvi dizer que a supervalorização da memória pode, às vezes, significar falta de perspectivas para o futuro, como se “esquecer” fosse importante de certa forma para o futuro. Mas não é simplesmente esquecer apagando da memória, é um esquecer que implica muito mais na força de recriar a memória, reinventá-la, libertando-se das interpretações oficiais e canônicas.
- Hummm, interessante!
- É né? É só isso que você consegue exprimir? Meu Deus!!!! Depois dizem que sou um velho ranzinza. Mas....minha neta essa semana estava ouvindo uma música dessas de jovens que eu não gosto muito, porém, essa tinha uma letra interessantíssima. Ela me disse que se chama ORAÇÃO DO TEMPO. Logo me atinei que Caetano Veloso tinha composto uma musica com esse nome, daí pude me recordar....ahhhh meus velhos tempos.

É claro que vou postar a música aqui. Lá vai:

És um senhor tão bonito quanto a cara do meu filho
Tempo, tempo, tempo, tempo, vou te fazer um pedido
Tempo, tempo, tempo, tempo
Compositor de destinos, tambor de todos os ritmos
Tempo, tempo, tempo, tempo entro num acordo contigo
Tempo, tempo, tempo, tempo
Por seres tão inventivo e pareceres contínuo
Tempo, tempo, tempo, tempo és um dos deuses mais lindos
Tempo, tempo, tempo, tempo
Que sejas ainda mais vivo no som do meu estribilho
Tempo, tempo, tempo, tempo ouve bem o que te digo
Tempo, tempo, tempo, tempo
Peço-te o prazer legítimo e o movimento preciso
Tempo, tempo, tempo, tempo quando o tempo for propício
Tempo, tempo, tempo, tempo
De modo que o meu espírito ganhe um brilho definido
Tempo, tempo, tempo, tempo e eu espalhe benefícios
Tempo, tempo, tempo, tempo
O que usaremos pra isso fica guardado em sigilo
Tempo, tempo, tempo, tempo apenas contigo e migo
Tempo, tempo, tempo, tempo
E quando eu tiver saído para fora do círculo
Tempo, tempo, tempo, tempo não serei nem terás sido
Tempo, tempo, tempo, tempo
Ainda assim acredito ser possível reunirmo-nos
Tempo, tempo, tempo, tempo num outro nível de vínculo
Tempo, tempo, tempo, tempo
Portanto peço-te aquilo e te ofereço elogios
Tempo, tempo, tempo, tempo nas rimas do meu estilo
Tempo, tempo, tempo, tempo
Tempo, tempo, tempo, tempo
E quando eu tiver saído para fora do círculo
Tempo, tempo, tempo, tempo não serei nem terás sido
Tempo, tempo, tempo, tempo
Ainda assim acredito ser possível reunirmo-nos
Tempo, tempo, tempo, tempo num outro nível de vínculo
Tempo, tempo, tempo, tempo
Portanto peço-te aquilo e te ofereço elogios
Tempo, tempo, tempo, tempo nas rimas do meu estilo
Tempo, tempo, tempo, tempo

- Bom, esse papo não vai dar em lugar algum, são muitas as lembranças, minha mente é uma vaca ruminando memórias. Sinto minha vida se esvaindo aos poucos, já não desejo mais nada, porque todo desejo é um desejo de morte e por falar nessa tal aí, acho que ela já assolou toda a humanidade. Acho que todos nós deveríamos morar em um quarto com vista para um cemitério, só assim aflorava nossa mente e mantínhamos nossas prioridades sempre em perspectivas.
-  Poxa...você poderia ser mais simples, não acha?
- Não meu caro, as coisas mais simples, são as mais complicadas, não podemos espantar-nos suficientemente com elas. Vamos ao nosso gamão?
- Acho que vou sentir saudades desse momento, não sei qual a razão disso, mas posso garantir que sentirei.  Aprendo muitas coisas com você. Obrigado meu velho amigo! Vamos ao gamão sim.

E lá se foram os dois embora e eu fiquei extasiada, sentada, quase chorando....juro que quase chorei e se eu pudesse me pronunciar, exclamaria: Foi uma das cenas mais lindas que já presenciei, um quase monólogo eternamente memorável!!!!
Vocês foram e cá estou eu, vou guardar em minha memória as prostitutas, os vagabundos, o tempo que se vai, o momento que fica até o dia em que o tempo não mais me permitir rememorar tal fato. Obrigada, sou toda agradecida!
Depois disso recordei-me do refrão dessa música que amoooooo.

(DEPOIS DE NÓS)
 “Hoje o tempo escorre dos dedos da nossa mão
Ele não devolve o tempo perdido em vão
É um mensageiro das almas dos que virão ao mundo
Depois de nós”...
(Engenheiros do Hawaii)

E mais um Poema pra variar:

A vida é o dever que nós trouxemos para fazer em casa.
Quando se vê, já são seis horas!
Quando se vê, já é sexta-feira!
Quando se vê, já é natal...
Quando se vê, já terminou o ano...
Quando se vê perdemos o amor da nossa vida.
Quando se vê passaram 50 anos!
Agora é tarde demais para ser reprovado...
Se me fosse dado um dia, outra oportunidade, eu nem olhava o relógio.
Seguiria sempre em frente e iria jogando pelo caminho a casca dourada e inútil das horas...
Seguraria o amor que está a minha frente e diria que eu o amo...
E tem mais: não deixe de fazer algo de que gosta devido à falta de tempo.
Não deixe de ter pessoas ao seu lado por puro medo de ser feliz.
A única falta que terá será a desse tempo que, infelizmente, nunca mais voltará.

MARIO QUINTANA


quinta-feira, 28 de julho de 2011

REVERBERANDO...

"Ninguém é capaz de proceder um preceito corretamente, porque somos fracos e pecadores até o fundo da alma, portanto, incapazes de moralidade. Deixemos as promessas e os preceitos morais para seres superiores a nós."
  (Nietzsche)
"A MORAL É UMA INVENÇÃO DOS FRACOS"   


A  moral para Nietzsche é uma invenção dos fracos, que inverteram o sentido de bom e virtuoso para favorecer o astico, o que nega o corpo em favor da alma, e que portanto nega a vida. Nietzsche é favorável aos homens guerreiros, fortes, que com apenas uma inflexão afastam de si todas as culpas anteriores e toda a mesquinhez moral. A moral é uma criação humana, imposta pelo "Dragão dos valores", aquele que diz "Tu deves" quando o indivíduo diz "Eu quero".
Para ele devia-se ousar, avançar perigosamente para o ilimitado, porque a racionalização histórica levava o homem a "perder-se ou destruir seu instinto fazendo com que ele não ouse soltar o freio do 'animal divino' quando a sua inteligência vacila e o seu caminho passa por desertos. O indivíduo torna-se então timorato e hesitante e perde a confiança em si..." terminando por fazer com que "a extirpação dos instintos pela história transforma os homens em outras tantas sombras e abstrações.
 Nietzsche defende que os homens não são em última instância responsáveis pelo que são e consequentemente pelos suas ações. Portanto não deve sentir mal-estar pelo que fazem.
A moral pretende embutir nos homens este sentimento de mal-estar e culpa devido a ações feitas contra esta moral com o objetivo da coibir estes atos ou pensamentos. Este é um dos motivos pelos quais Nietzsche é contra a moral.
    (Genealidade da Moral)

 Enquanto toda moral nobre se desenvolve a partir de uma triunfante afirmação de si, a moral escrava diz Não para o que é "externo", o que é "diferente", o que é "não é ela", e este Não é o seu feito criativo.
Friedrich Wilhelm Nietzche

(Genialidade da Moral)

Bom mesmo é não fazer nada, com pessoa nenhuma, em lugar nenhum. Ficar só, com você mesmo e seus pensamentos, esquecendo das loucuras do mundo, da hipocrisia das pessoas cheias de auto justiça e da moralidade dissimulada e não praticada do ser humano. 

Que náusea de vida !
Que abjecção esta regularidade ! Que sono este ser assim !

E pra finalizar, vai aí um Álvaro de Campos pra esse tipo de gente!
Não me tragam estéticas!
Não me falem em moral!

Tirem-me daqui a metafísica!
Não me apregoem sistemas completos, não me enfileirem conquistas
Das ciências (das ciências, Deus meu, das ciências!) —
Das ciências, das artes, da civilização moderna! 











  

quarta-feira, 27 de julho de 2011

Pensamento Nietzscheano do século XXI

Quem é Nietzsche?
Foi um filólogo e influente filósofo alemão do século XIX.

Autor da audaciosa declaração: Deus está morto! Deus permanece morto! E quem o matou fomos nós! Como haveremos de nos consolar, nós os algozes dos algozes? O que o mundo possuiu, até agora, de mais sagrado e mais poderoso sucumbiu exangue aos golpes das nossas lâminas. Quem nos limpará desse sangue? Qual a água que nos lavará? Que solenidades de desagravo, que jogos sagrados haveremos de inventar? A grandiosidade deste acto não será demasiada para nós? Não teremos de nos tornar nós próprios deuses, para parecermos apenas dignos dele? Nunca existiu acto mais grandioso, e, quem quer que nasça depois de nós, passará a fazer parte, mercê deste acto, de uma história superior a toda a história até hoje!


É amigos, isso nada tem a ver com ateísmo. "Gott ist tot" (Deus está morto) é uma “imagem” nietzschiana do homem moderno que passa a negar os valores cristãos, isto é, retira Deus do trono e coloca no lugar o Homem-racional. Este homem é aquele que despreza o corpo, os instintos, os impulsos e tudo aquilo da qual ele não pode conhecer; ele passa a acreditar que tudo tem um selo de “verdade” ou “mentira”, que algo “é” ou “não é”.
Na verdade, não é que Nietzsche não acredite em Deus, ele não acredita no Deus que os homens inventaram.
Fico me perguntando como seria a vida e os pensamentos de Nietzsche se hoje ele estivesse vivo. Talvez substituisse aquela célebre frase: Ich bin ein Philosoph posthumen (Sou um filósofo póstumo), em: Diese Welt nicht mehr passt mir mehr (Este mundo ja não me cabe mais). Ao ver tanto absurdo que nos cerca nos dias de hoje. 
Daria de tudo pra ver o proprio sentado num boteco, com uma caneca de chopp na mão, pedindo: MANDA MAIS UM GARÇOM!!! e filosofando, é claro!!!! Nem me passa essa imagem na cabeça. Certamente ele já teria se enforcado ao presenciar o caos que chamamos de mundo, vida, ou sei la o que. Imaginemos a situação: Em 1889 Nietzsche sofreu um colapso nervoso e olhe que naquela época o estress não era nem o mal do século, isso é coisa do século XXI. Na mesma época contraiu uma sífilis, hoje com certeza ele estaria aidético e pra acabar a tragédia, morreu doido.
O mundo está uma loucura, está tudo as avessas e quem viver, verá!! 
Nem gosto de ligar a tv para ver o jornal, a cada noticia só números: numeros de mortos, de assassinatos, de drogados nas ruas, de crianças lançadas em valas, de corpos multilados dentro de malas ou caixotes, de corpos desaparecidos, de maridos que batem em suas mulheres, de políticos corruptos e etc...já estou de saco cheio disso.
E aí vai uma música para homenagear o século em que vivemos:
Pare o mundo
Que eu quero descer
Que eu não agüento mais
Escovar os dentes
Com a boca cheia de fumaça...
Você acha graça
Porque se esquece
Que nasceu numa época
Cheia de conflitos
Entre raças...
Pare o mundo
Que eu quero descer
Que eu não agüento mais
Tirar fotografia
Prá arrumar meus documentos...
É carteira disso, daquilo
Que até já amarelou
Minha certidão de nascimento
E ainda por cima...
Tem que pagar prá nascer
Tem que pagar prá viver
Tem que pagar prá morrer...
Pare o mundo
Que eu quero descer
Que eu não agüento mais
Esperar a hora de usar
Meu título de eleitor
Emborolado...
E ver no rosto das pessoas
A mesma expressão
De ascensorista de elevador
Mal remunerado...
Pare o mundo
Que eu quero descer
Que eu não agüento mais
Ouvir falar
Na crise da gasolina
Que já vai aumentar outra vez...
E pensar que a poluição
Contaminou até as lágrimas
E eu não consigo mais chorar

Tá tudo errado
Oh! Oh!
Tá tudo errado
Desorientado segue o mundo
E eu não posso mais
Ficar parado...
Oh! Oh!
Tá tudo errado
Oh! Oh!
Tá tudo errado
Eu só quero ter você comigo
E mandar o resto pro diabo...
Tá tudo errado
Oh! Oh!
Tá tudo errado
Desorientado segue o mundo
E eu não posso mais
Ficar parado...
Oh! Oh!
Tá tudo errado
Oh! Oh!
Tá tudo errado
Eu só quero ter você comigo
E mandar o resto pro diabo...
Tá tudo errado
Oh! Oh!
Tá tudo errado!
Olha aí! tá vendo?
Tudo errado!
Tudo errado!
  
E assim caminha a humanidade!!!

Papo de botequim

Sejam Bem Vindos!!!

   Entrem, tirem os calçados, aceitam um taça de vinho? Ou um chopp cai bem? Fiquem a vontade!!
Aos que preferem um ambiente romantizado, acabei de acender a lareira no cômodo ao lado, se aqueçam, mas lembrem-se que todo ar que nos rodeia, é crítico!